domingo, 17 de maio de 2015

Tempo Rei: por que o meu tempo valeria mais que o seu?




Vocês já assistiram ao filme “In time” (tradução brasileira, O preço do amanhã)? Nas palavras do meu irmão: é um dos filmes de ficção mais reais que ele já assistiu. O uso da preposição “a” para o verbo “assistir”, dependendo da denotação na língua portuguesa, explica o porquê daquele filme ainda não ser realidade pura.
Conversando com amigos sobre casos que a hierarquia passa por cima de qualquer regra, nós estávamos indagando o que poderia levar a tal situação. Algumas ideias para justificar o injustificável foram surgindo, como a falta de processos que impedissem tal prática, a falta de sinalização (lei) que indicasse o propósito de tal ação ou a falta de segurança na situação que justificasse medidas drásticas. Mas o que descobrimos talvez seja simples, que algumas pessoas acreditam que o tempo dela vale mais do que da pessoa ao seu lado.
Vamos para os exemplos:
1. Imagine um sujeito numa posição de comando na empresa e que vende um projeto internamente na corporação para ser entregue em uma semana. A equipe que trabalha com ele informa-o que são necessárias 3 semanas para concluir o trabalho dentro do processo interno. Esse sujeito, já na posição de ordem na empresa, “pede” para seus colaboradores executarem a tarefa dentro de uma semana. Quem está responsável por trabalhar no problema obedece e tenta realizar a solução no prazo determinado. Pouco antes do final do prazo, a equipe informa o sujeito, na posição de decisão, que o “projeto quase produto agora” ainda não está bom e que não é seguro entregá-lo naquela semana.
Caso, mesmo assim, o sujeito, agora na posição de cliente, “escolhe” pela entrega e ocorre um problema real e grave, o que explicaria tal postura?
2. Um sujeito na posição de exemplo dentro de uma empresa encontra uma dificuldade que iria lhe tomar algum tempo e que a própria empresa definiu na busca por mais segurança para todos, inclusive daqueles que não se preocupam com a própria segurança. Tal sujeito, então, consulta seus colaboradores subordinados procurando uma maneira de “contornar” tal situação, visto que a lei (norma da empresa) ainda permitia ele passar pela (ignorar a) dificuldade sem ser percebido, caso ele estivesse com a sinalização adequada – independente se estivesse colocando sua segurança ou das pessoas ao seu lado em risco. Como ele não estava com a sinalização adequada, foi multado pelos fiscais da lei. O que é preciso fazer para as leis serem seguidas, inclusive pelos exemplos?

3. No terceiro caso, uma autoridade (um fiscal, um policial, um vereador, um juiz, um governador, uma pessoa que acredita estar numa posição de poder) solicita escolta e aparatos para retirada das pessoas no seu caminho para que ele possa trafegar com maior rapidez e segurança. Você já se deparou com uma situação assim? Por exemplo, alguém que reclama que a velocidade limite da estrada é muito baixa e que esta é a justificativa para correr mais que o permitido, pois o tempo dele vale mais que os demais? O tempo deste cidadão, na cabeça dele, vale mais que a segurança dos demais e até mesmo que a segurança dele mesmo. A parte interessante nesta situação é que quem acredita ser poderoso, acima das leis e que seu tempo vale mais que tudo, pode morrer envenenado pelo café servido por quem quer lhe ajudar a se manter acordado e aproveitar melhor o dia.
Você precisa estar presente para assistir aa algo, mas a preposição não precisa estar presente quando você assiste a alguém.
E para as pessoas que ainda valorizam a Educação – mesmo isto não sendo apenas escolarização – ao ponto de acreditar que mais instrução significa mais valor, o senador Cristovam Buarque fez a seguinte constatação, se não é possível instruir todos com qualidade, para que concluam a universidade, então o problema a ser resolvido é a hora de um político não ser mais cara do que quem serve o café.

Você paga quanto pela hora de quem limpa sua bagunça?




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